A vida é complicada.

Na lição desta semana, Lech Lecha – לֶךְ־לְךָ (Ide em Frente), baseada em Gênesis 12:1–17:27, aprendemos o quão complicada a vida pode ser — e como a fidelidade de Deus permanece inabalável diante do caos que criamos. Gosto de lembrar aos meus leitores que escrevo estes blogs, antes de tudo, para meu próprio bem. Estas são lições que Adonai está me ensinando, e eu simplesmente as compartilho com outros que estão passando por situações semelhantes. A lição de hoje me impactou profundamente. Percebi que esta mensagem foi estrategicamente colocada pelo Espírito para me impulsionar. Sei que não estou sozinho em me sentir desanimado pelas reviravoltas da vida. Algumas dificuldades não são culpa nossa — mas outras são, e essas são as mais difíceis de suportar. Então, antes que você se perca, vamos ao cerne da lição.

Às vezes, a situação é tão caótica que não sabemos por onde começar.

A maioria dos crentes considera Abraão o principal modelo de fé — “o pai da fé”, um homem a ser imitado. As Escrituras o apresentam como um exemplo de retidão, mas as mesmas Escrituras também revelam todas as suas falhas. Adonai não suaviza a imagem de seus heróis. Essa honestidade é o que confere às Sagradas Escrituras sua notável credibilidade. Nesta porção da Torá, vemos quão profundamente falho Abraão era — e quão conturbada a vida se tornou ao seu redor. Também vemos um padrão que muitos de nós conhecemos muito bem: quando a vida fica complicada, muitas vezes a pioramos. Contudo, em meio a tudo isso, encontramos algo surpreendente — a fidelidade inabalável de Deus. Não apesar das falhas de Abraão, mas mesmo em meio a elas. Abraão deixa a casa de seu pai aos 75 anos (Gênesis 12:4) e, aos 99 anos (Gênesis 17:24), recebe a confirmação renovada da aliança de Deus. O que aconteceu entre esses anos parece uma novela:

Circunstância	Verso(s)	As ações e consequências	Verso(s)
Fome na terra	12:10	Abrão mudou-se para o Egito com sua família.	12:10
Teme por sua vida devido à beleza de Sarai.	12:11	Abrão mentiu para o Faraó.	12:11-13
Faraó tomou Sarai como esposa.	12:14-15	Faraó enriqueceu Abrão	12:16
Deus afligiu Faraó	12:17	Faraó devolveu Sarai, e Abrão recebeu mais riquezas.	12:18-20
Disputas familiares com Lot	13:1-7	Ló e Abrão seguiram caminhos diferentes (Ló escolheu com base na aparência).	13:8-18
A guerra fez com que Ló fosse capturado.	14:1-12	Abrão resgatou Ló	14:13-16
Abrão encontrou Melquisedeque	14:17-18	Abrão deu o dízimo a Melquisedeque.	14:19-24
Deus renovou a aliança com Abrão.	15:1-16	Abrão foi tranquilizado por Adonai.	15:17
Sarai perdeu a fé na promessa de Deus.	16:1-2	Abrão deitou-se com Agar e concebeu Ismael.	16:3-7
Agar lamentou o tratamento que recebeu de Sarai.	16:8-10	Deus disse a Agar para retornar e se submeter a Sarai.	16:11-16
Deus mudou o nome de Abrão e renovou a aliança com o sinal da circuncisão.	17:1-14	Abraão obedece	17:1-14
Deus mudou o nome de Sarai para Sara e renovou a aliança com a profecia do nascimento de Isaque.	17:15-21	Abraão circuncidou Ismael e todos os homens de sua casa.	17:22-27

Caso não tenha ficado óbvio pela minha cronologia acima, durante esses 24 anos, nosso amado pai Abraão mentiu por medo, o que fez com que sua esposa fosse desonrada pelo Faraó (algumas pessoas tentam minimizar esse evento dizendo que o Faraó nunca se deitou com Sarai, mas a forma como está escrito em hebraico deixa bem claro que o Faraó se deitou com ela). Ele se envolveu em conflitos familiares que causaram divisão na família e, eventualmente, levaram à captura de Ló na guerra. É provável que ele tenha matado muitos homens para libertar seu sobrinho Ló depois que este foi feito prisioneiro. Então, ele permitiu que sua esposa vacilasse em sua fé e se deitou com Agar, serva de Sarai, e gerou um filho que não fazia parte da aliança prometida. Um ato que tem consequências até hoje, com todos os conflitos e reivindicações no Oriente Médio sobre quem são os verdadeiros escolhidos para herdar a terra (guerras entre famílias que se arrastam há mais de 3 mil anos). Apesar de tudo, Deus o fez prosperar e se tornar muito rico, e não apenas não o puniu, mas renovou Sua aliança com ele três vezes e foi fiel em cumpri-la com o nascimento de Isaque.

Esses pecados não foram pequenos deslizes. Foram falhas graves e profundas: mentira, adultério — duas vezes (primeiro ao permitir que o faraó tomasse sua esposa e depois ao se deitar com a serva de Sarai) —, derramamento de sangue na guerra e uma profunda falta de fé que o levou a "ajudar" a Deus concebendo um filho com Agar. Esses não foram incidentes inofensivos. E as consequências ainda são sentidas hoje. O conflito entre os descendentes de Ismael, o primogênito de Abrão, e os descendentes de Isaque, o filho da promessa nascido por meio do milagre de Deus, alimentou ódio, divisão familiar e guerra por milhares de anos. As Escrituras apontam claramente para Isaque como o filho da aliança, mas para aqueles cuja identidade inteira depende dessa questão, a resposta não é tão fácil de aceitar. E tudo isso poderia ter sido evitado se Abrão e Sarai tivessem esperado com paciência e confiado em Adonai.

Essa, porém, é também a beleza desses capítulos. Eles renovam minha esperança e me ensinam a ter paciência, lembrando-me de que nosso Deus é fiel às Suas promessas. Sua fidelidade não depende da minha perfeição. O que Ele prometeu se cumprirá — mesmo quando a vida fica complicada, mesmo quando a bagunça vem das minhas próprias decisões falhas. Isso não é uma licença para pecar, mas, assim como nosso pai Abraão, quando nossas fraquezas vêm à tona e tropeçamos, podemos contar com Deus para consertar as coisas. Quando cometemos erros e falhamos miseravelmente, Ele permanece paciente, nos guiando de volta e, muitas vezes, transformando até mesmo as consequências negativas em bênçãos. Sou grato por as Escrituras não esconderem as falhas dos patriarcas. Elas nos lembram que Deus é generoso, benevolente e perdoador. Até mesmo nossos erros — e a fragilidade deste mundo caído — podem ser transformados para o nosso bem quando O amamos e caminhamos em Seu favor.

"Sabemos que Deus age em todas as coisas para o bem daqueles que o amam, daqueles que foram chamados segundo o seu propósito. Pois aqueles que Deus de antemão conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos. E aos que predestinou, também chamou; aos que chamou, também justificou; aos que justificou, também glorificou. Que diremos, pois, diante dessas coisas? Se Deus é por nós, quem será contra nós? Aquele que nem mesmo a seu próprio Filho poupou, antes o entregou por todos nós, como não nos dará também com ele todas as coisas? Quem intentará acusação contra os escolhidos de Deus? É Deus quem os justifica. Quem os condenará? Ninguém. Cristo Jesus, que morreu, ou melhor, que ressuscitou, está à direita de Deus e também intercede por nós. Quem nos separará do amor de Cristo? Será que tribulação, ou angústia, ou perseguição, ou fome, ou nudez, ou perigo, ou espada, será o suficiente para nos surpreender? Romanos 8:28-34

As coisas podem não estar fáceis para você agora. Você pode estar passando por um período difícil — em parte causado por suas próprias ações. Mas lembre-se: Deus ainda está no controle. Se você permanecer fiel ao Seu propósito, você superará isso e qualquer outra coisa que o mundo possa lhe impor.

Lech Lecha — Siga em frente.

Siga em frente com a força que você tem.

Continue avançando.

Continue fazendo o que é certo, mesmo que seus passos pareçam pequenos.

Assim como Ele foi fiel a Abraão, Jesus será fiel a você. Suas promessas já estão praticamente cumpridas. Louvado seja Yeshua! Que você encontre a mesma alegria, esperança e confiança nesta mensagem que eu encontrei, enquanto iniciamos mais uma semana sob os cuidados do nosso Pai e Seus planos gloriosos. Shalom u’Shavua Tov!